Escrito por Emanuella Camargo
Após ficar vinte anos no papel, o curso de Museologia da Universidade de Brasília inaugurou, nesta semana, seu segundo semestre letivo com uma Aula Magna e um Ciclo de Palestras que reuniu profissionais de diversas áreas ligadas a cultura. As expectativas e desafios do novo curso foram discutidos e expostos aos alunos e visitantes.
A coordenadora do curso de Museologia, Lilian Alvares, deu boas vindas aos alunos presentes e ressaltou a importância do novo curso para o corpo acadêmico: “Vamos acenar por um curso que vai construir novos caminhos para professores e alunos do departamento”.
A abertura do evento contou também com a participação do diretor da Biblioteca Nacional da República, Antônia Miranda, que criticou a falta de atenção do governo com questões relacionadas à cultura: “A gente constrói estádios de futebol e quartéis militares, enquanto os espaços de cultura ficam de lado. É uma regra perversa”.
A diretora da Faculdade de Ciência da Informação (FCI), Elmira Simeão, adiantou que algumas obras já estão previstas para dar apoio às pesquisas na área. “O curso está em constante reformulação e por isso temos a preocupação com a criação de espaços para laboratórios e pesquisa. Seis laboratórios de tratamento técnico já estão previstos aqui para a Faculdade”, declarou Simeão.
O nascimento do curso e o diferencial
O curso de Museologia percorreu um longo período de pesquisas e projetos até que seu currículo fosse concluído. Há 20 anos, a Faculdade de Ciência da Informação (FCI) recebeu a proposta para criação do curso. O projeto foi apresentado em 1988 junto ao MEC e passou por uma reformulação em 2006.
No dia 16 de abril de 2009 o Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília aprovou a criação de nove cursos de graduação. Entre eles, o de Museologia. Os outros cursos foram: Ciências Ambientais, Engenharia da Computação, Engenharia de Produção, Geofísica, Gestão de Políticas Públicas, Letras – Tradução, Licenciatura em História (noturno) e Licenciatura em Música (noturno).
Com 30 vagas, o curso de Museologia foi ofertado, pela primeira vez, no segundo vestibular de 2009.
Arquivologia, Antropologia, Biblioteconomia, História e Artes Visuais são diversas áreas do conhecimento que integram o curso que propõe uma base curricular interdisciplinar. A necessidade de formar um profissional que se comunique com as demais vertentes foi um dos pontos fundamentais na elaboração do currículo.
“É importante poder caminhar por todas as áreas. É um pouco da proposta de funcionamento da Universidade como um todo” relata Anna Paula da Silva, graduada em História e aluna da primeira turma de Museologia. Mas para ela ainda há barreiras: “As matérias são muito seletivas, a gente queria que elas fossem mais abrangentes”.
Anna Paula não é a única aluna de Museologia que elegeu o curso como segunda formação: “Já na primeira turma existem sete pessoas com outra graduação como bagagem. Museologia apareceu como uma oportunidade de se capacitar mais”.
A coordenadora do Projeto Museu da Educação, Eva Waisros Pereira, presente na Aula Magna, estabeleceu três pontos dentro dos quais a Museologia deve se fixar. Para ela, “o curso ainda é uma ideia em andamento. E por isso deve ser um espaço de formação pesquisa e memória”.
Dificuldades e metas
A instabilidade do currículo e os problemas com a infraestrutura foram algumas das reivindicações dos alunos da primeira turma do curso. Mas o que poderia desestimular os alunos acabou por fortalecer o vínculo entre eles e a consciência da importância de cada um na construção do curso. Diante desse horizonte, o representante do Centro Acadêmico de Museologia, o CAMU, Matias Monteiro afirma: “queremos trabalhar para o curso ser uma referência no país”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário